Celebrando o Dia Mundial do Meio Ambiente 2025, o Departamento de Informática em Saúde (DIS/EPM/Unifesp) destaca a ação coletiva e o papel da tecnologia no combate à poluição plástica e na promoção da saúde planetária
O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado anualmente em 5 de junho, serve como um chamado global para a conscientização e ação em prol da proteção do nosso planeta. Em 2025, a data assume um foco particularmente urgente: a necessidade de uma ação coletiva para combater a poluição plástica. Este tema ressoa profundamente em diversas áreas do conhecimento e da sociedade, incluindo o setor de saúde.
Impactos na saúde
A poluição plástica deixou de ser apenas uma questão estética ou ambiental para se tornar uma crise de saúde pública global. Bilhões de toneladas de plástico já foram produzidas, e uma parcela significativa desse material acaba descartada de forma inadequada, contaminando oceanos, rios, solos e até mesmo o ar que respiramos. Os impactos dessa contaminação são vastos e preocupantes.
Microplásticos, partículas minúsculas resultantes da degradação de itens plásticos maiores, já foram detectados em alimentos, água potável, sal marinho e até no sangue e tecidos humanos. Estudos científicos associam a exposição a plásticos e seus aditivos químicos a uma série de problemas de saúde, incluindo distúrbios hormonais, problemas respiratórios, doenças cardiovasculares, inflamações, danos celulares e até mesmo um risco aumentado de certos tipos de câncer. A saúde planetária e a saúde humana estão intrinsecamente ligadas, e a poluição plástica é uma ameaça direta a ambas.
Ação coletiva
O tema de 2025 enfatiza a ação coletiva como ferramenta indispensável para enfrentar essa crise. A magnitude do problema exige esforços conjuntos de governos, indústria, sociedade civil e indivíduos. Isso inclui a implementação de políticas públicas mais rigorosas para reduzir a produção e o consumo de plásticos descartáveis, o investimento em infraestrutura de reciclagem e gestão de resíduos, a promoção de alternativas sustentáveis e a mudança de comportamento em relação ao descarte e ao consumo.
Nesse contexto, a conscientização e a educação ambiental são fundamentais. É preciso que a sociedade compreenda a gravidade do problema e se sinta parte da solução. A mobilização coletiva, impulsionada pela informação e pelo engajamento, tem o poder de pressionar por mudanças estruturais e promover um futuro com menos plástico e mais saúde.
Contribuição da tecnologia
Diante desse cenário, como a tecnologia pode contribuir? Embora possa parecer uma conexão distante à primeira vista, a área tem um papel relevante a desempenhar na busca por soluções e na mitigação dos impactos da poluição plástica, especialmente no setor de saúde, que é um grande consumidor de plásticos.
A tecnologia pode atuar em diversas frentes:
1.Monitoramento e análise de dados: Lidar com a coleta, gestão e análise de grandes volumes de dados. Essas competências podem ser aplicadas para monitorar os impactos da poluição plástica na saúde de populações específicas, correlacionando dados ambientais sobre níveis de poluição com dados epidemiológicos de incidência de doenças. Sistemas de informação geográfica (SIG) podem mapear áreas de risco e focos de contaminação, auxiliando na tomada de decisões em saúde pública.
2.Educação e conscientização digital: O desenvolvimento de plataformas digitais, aplicativos móveis e campanhas online são ferramentas para a educação em saúde ambiental. É possível criar recursos digitais informativos e acessíveis sobre os riscos da poluição plástica e as formas de prevenção, utilizando princípios de design centrado no usuário e literacia digital para garantir que a mensagem alcance diferentes públicos de forma eficaz.
3.Otimização da gestão de resíduos em serviços de saúde: Hospitais e clínicas geram uma quantidade significativa de resíduos plásticos. Podem ser desenvolvidos sistemas para otimizar a gestão desses resíduos, desde a rastreabilidade de materiais até a análise de dados para identificar oportunidades de redução, reutilização e reciclagem segura de plásticos no ambiente hospitalar, sem comprometer a segurança do paciente.
4.Pesquisa e inovação: A aplicação de técnicas de Inteligência Artificial (IA) e ciência de dados pode acelerar a pesquisa sobre os efeitos dos microplásticos na saúde humana e até mesmo auxiliar no desenvolvimento de novas tecnologias para biodegradação de plásticos ou identificação de materiais alternativos mais seguros e sustentáveis para uso médico.
5.Redução do descarte e promoção de práticas sustentáveis: Sistemas de informação podem apoiar a implementação de programas de logística reversa para embalagens plásticas de medicamentos ou materiais médicos, além de auxiliar na avaliação e adoção de práticas mais sustentáveis dentro das instituições de saúde, como a redução do uso de descartáveis quando possível e seguro.
Chamado à ação
O Dia Mundial do Meio Ambiente 2025 nos convida a refletir sobre nossa relação com o plástico e a agir coletivamente. Para nós, do Departamento de Informática em Saúde da (DIS/EPM/Unifesp), é uma oportunidade de direcionar nosso conhecimento e nossas ferramentas tecnológicas para contribuir com soluções.
Resina de EPS
Tampinhas de garrafa PET
Tampinhas de garrafa PET
Capas de CD
Figura: reciclagem de materiais plásticos
A Oficina de Impressão 3D e Prototipagem do Laboratório de Inovação em Saúde (LABDIS) tem atuado de forma concreta para promover a sustentabilidade e reduzir o impacto ambiental. Na oficina, são desenvolvidas iniciativas de reciclagem de materiais plásticos, como evidenciado nas imagens anexas. Diversos tipos de resíduos plásticos, incluindo poliestireno expandido (EPS), polietileno tereftalato (PET) e policarbonato, são coletados, processados e reutilizados para a produção de novos insumos e peças utilizadas em projetos de pesquisa, ensino e inovação tecnológica. Esse processo envolve a separação, limpeza e transformação dos resíduos, promovendo a economia circular e reduzindo o volume de descarte no meio ambiente.
Além disso, alternativas de reaproveitamento de materiais são exploradas, contribuindo para a conscientização ambiental e servindo de exemplo para outras instituições quanto à integração entre tecnologia, saúde e responsabilidade ecológica. Essas ações reforçam nosso compromisso com práticas sustentáveis e com a formação de profissionais atentos aos desafios ambientais contemporâneos.
Shafique, F., SHAHID, H., Jabeen, M., NADEEM, A., Khan, H. A., Ijaz, M. U., Hayat, M., & Akbar, A. (2024). Human Health and Microplastics: An Emerging Concern. 61–69. https://doi.org/10.61748/zool.2024/09