A dengue é uma doença infecciosa, febril e aguda, transmitida principalmente pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Causada por um vírus do gênero Flavivirus, a enfermidade pode se manifestar de formas variadas, desde quadros assintomáticos até casos graves, que podem levar à morte.
Embora a maioria dos pacientes apresente sintomas leves e se recupere espontaneamente, uma parcela pode evoluir para formas mais severas, exigindo atenção médica imediata. Com quatro sorotipos virais conhecidos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), a infecção por um deles não garante imunidade contra os demais — o que contribui para a complexidade do controle da doença.
Nos últimos anos, a dengue tem avançado com força em diversas regiões do país, tornando-se uma das maiores preocupações em saúde pública, especialmente em áreas tropicais como o Brasil. No mundo todo, Brasil e Índia seguem como os países historicamente mais afetados. Em 2024, o número de casos e mortes atingiu recordes históricos, e especialistas têm alertado que os próximos anos podem ser desafiadores caso não haja políticas públicas efetivas.
Com base na análise dos dados do DATASUS — plataforma oficial do governo que reúne informações de saúde — a estudante Mariana Hayashi Garcia, do curso de Tecnologia em Informática em Saúde da Unifesp, desenvolveu um estudo orientado pelos professores Luciano Rodrigo Lopes e Paulo Paiva, que demonstrou que os casos e óbitos por dengue em 2024 superaram os de anos anteriores. O trabalho, desenvolvido no Departamento de Informática em Saúde (DIS), foi publicado na revista científica Einstein.
No mesmo estudo, foi identificado que o índice de letalidade — proporção de mortes em relação ao total de infectados — também foi superior ao registrado em anos anteriores. O sorotipo DENV-1 foi o mais prevalente, seguido pelo DENV-2 e por um aumento expressivo nos casos de DENV-3. Além disso, os autores apontaram que os sorotipos DENV-2 e DENV-3 apresentam taxas de letalidade mais elevadas do que o DENV-1. Dessa forma, caso os próximos surtos sejam dominados pelos sorotipos mais agressivos (DENV-2 a DENV-4), somado ao crescimento contínuo no número de casos, aumenta a preocupação em relação ao impacto da doença nos próximos anos.
Como nasce o transmissor: o ciclo de vida do mosquito
O Aedes aegypti tem um ciclo de vida rápido e adaptável: a fêmea deposita seus ovos em locais com água parada, onde eles se transformam em larvas, depois em pupas e, por fim, em mosquitos adultos — tudo isso em cerca de 7 a 10 dias, dependendo da temperatura e das condições do ambiente. Por isso, qualquer recipiente que acumule água, mesmo que em pequenas quantidades, pode se tornar um criadouro do mosquito.
Eliminar esses focos é a forma mais eficaz de interromper o ciclo de reprodução do vetor e evitar novas infecções. Não se trata apenas de uma ação individual, mas de uma responsabilidade coletiva.
Prevenção e conscientização salvam vidas
A melhor forma de prevenir a dengue é evitar a exposição de água parada. Verificar calhas, tampar caixas d’água, guardar garrafas de cabeça para baixo e limpar vasos de plantas são atitudes simples, mas fundamentais para impedir a proliferação do Aedes aegypti.
A Universidade Federal, comprometida com a promoção da saúde e o bem-estar da sociedade, desenvolve ações de educação, pesquisa e extensão voltadas ao enfrentamento da dengue. Por meio da divulgação científica, busca informar a população e contribuir com soluções baseadas em evidências para reduzir o impacto da doença em nossas comunidades.
Autoria do texto original: Mariana Hayashi Garcia (egressa do Curso de Especialização em Informática em Saúde da Unifesp), Paulo Bandiera-Paiva (chefe do Departamento de Informática em Saúde (DIS) da EPM/Unifesp), Luciano Rodrigo Lopes (docente do DIS/EPM).
Revisão técnica: Prof. Luciano Rodrigo Lopes (Docente do Departamento de Informática em Saúde - EPM/Unifesp).
Adaptação para divulgação científica: Andréa Pereira Simões Pelogi (Comunicação).
Fonte: Concerns about the dengue epidemic - DOI: https://doi.org/10.31744/einstein_journal/2025CE1632
Data de Publicação: 08/07/2025
Imagem do mosquito: Sthar Mar Vasconcelos
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