06/08/2025 - Protocolo orienta a implantação segura e eficaz de serviços de Telestroke, promovendo a transformação digital no atendimento ao AVC no Brasil
Pesquisadores do Departamento de Informática em Saúde (DIS) da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), são protagonistas de um artigo recente publicado no periódico Digital Health, da SAGE, que propõe um protocolo inovador para o desenvolvimento e a implementação de serviços de Telestroke no Brasil.
O artigo, intitulado "A Narrative Review and a Proposed Protocol for Structured Implementation of Telestroke Services", é assinado pelo professor João Brainer Clares de Andrade do DIS, com a participação da professora Claudia Novoa, chefe do DIS/EPM, e do professor Ivan Torres Pisa, chefe da Disciplina de Informática em Saúde.
O trabalho apresenta uma revisão narrativa sobre os avanços e desafios da saúde digital no manejo do acidente vascular cerebral (AVC), doença que figura entre as principais causas de morte e incapacidade no Brasil e no mundo. Os autores enfatizam como tecnologias digitais — incluindo telemedicina, aplicativos móveis, uso de big data e inteligência artificial — têm transformado a atenção ao AVC, especialmente em regiões remotas ou economicamente desfavorecidas, ao facilitar o acesso rápido a especialistas e permitir decisões clínicas baseadas em dados robustos.
Apesar dos avanços, o artigo chama atenção para a lacuna existente na validação clínica formal dessas ferramentas digitais. Muitas soluções ainda carecem de testes rigorosos que avaliem sua eficácia e segurança em ambientes reais, levantando preocupações éticas relacionadas à confidencialidade dos dados, à integração dos sistemas digitais aos fluxos de trabalho clínico e à interoperabilidade entre plataformas distintas.
Protocolo estruturado para Telestroke
Como principal contribuição prática, o artigo propõe um protocolo detalhado para a implementação de programas de Telestroke, com etapas que vão desde a avaliação das necessidades locais até a definição de indicadores de qualidade, capacitação das equipes e garantia de privacidade dos dados dos pacientes. O protocolo recomenda forte participação dos profissionais de saúde, gestores e pacientes no processo de adaptação das ferramentas digitais à realidade de cada serviço e região.
Figura: Fluxograma de ativação para casos suspeitos de AVC
Nota: DICOM = Imagem digital e comunicação em medicina
Perspectivas
A revisão reforça que a saúde digital e o Telestroke são estratégicos para mitigar desigualdades de acesso e melhorar os desfechos de pacientes com AVC. Porém, destaca que o sucesso dessas iniciativas passa, necessariamente, pela avaliação contínua de sua efetividade e pelo respeito a princípios éticos fundamentais.
O artigo ganha relevância ao propor um roteiro adaptável à realidade brasileira, orientando gestores e equipes clínicas na implantação qualificada e segura de soluções digitais para o AVC — um passo importante para a transformação digital sustentável do sistema de saúde brasileiro.
Referência:
"A Narrative Review and a Proposed Protocol for Structured Implementation of Telestroke Services"
Ficha Técnica
Autoria do texto original: João Brainer Clares de Andrade, Daniela Laranja G Rodrigues, Claudia Galindo Novoa, Ivan Pisa, Sophia Oliveira Querobin, Marialdo Augusto Cordeiro de Souza Junior, Milena Roberta Guimarães Brianti, Octavio Marques Pontes-Neto, Gisele Sampaio Silva.
Revisão técnica: João Brainer Clares de Andrade e Claudia Galindo Novoa(Docentes do Departamento de Informática em Saúde - EPM/Unifesp)
Adaptação para divulgação científica: Andréa Pereira Simões Pelogi (Comunicação)
Data de Publicação: 06/08/2025
Aviso: As informações apresentadas neste artigo têm caráter informativo e não substituem orientação profissional especializada. O Departamento de Informática em Saúde não se responsabiliza por eventuais erros ou interpretações incorretas do conteúdo divulgado.