Neste 10 de outubro, o convite é para pausar, respirar e reconhecer os sinais que pedem cuidado
Nem sempre percebemos — mas a correria, a sobrecarga e o excesso de estímulos do dia a dia podem ser os primeiros sinais de que algo precisa de atenção. No ritmo acelerado em que vivemos, cuidar da saúde mental se tornou não apenas um gesto de autocuidado, mas também de resistência e coragem. Neste Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro, o alerta global da Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça a urgência de olhar para dentro e reconhecer a importância da saúde mental em todos os contextos, especialmente em tempos de crise.
O tema de 2025, “Saúde mental em emergências humanitárias”, chama atenção para um cenário que ultrapassa fronteiras. Guerras, desastres naturais e crises sanitárias afetam diretamente o bem-estar de milhões de pessoas — inclusive dos profissionais que estão na linha de frente do cuidado. A saúde mental, mais do que nunca, precisa ser tratada como parte essencial da saúde integral.
Entre os profissionais de saúde, estudos recentes revelam índices preocupantes: as taxas de burnout variam entre 20% e 86%, dependendo da região e das condições de trabalho. Durante e após a pandemia de COVID-19, pesquisas mostraram que 24% apresentavam sintomas de depressão e 25% de ansiedade. Longas jornadas, falta de apoio institucional e ambientes de trabalho desgastantes estão entre os principais fatores de risco.
Esses dados mostram que o cansaço não é apenas físico. A exaustão emocional, o sentimento de desconexão e a dificuldade de se desligar do trabalho são sinais de alerta que merecem atenção. Em um ambiente que exige tanto dos profissionais, o cuidado com quem cuida é urgente — e precisa ser incorporado às políticas institucionais e às práticas cotidianas.
Os profissionais de tecnologia da informação, especialmente aqueles que atuam em ambientes de saúde digital, também enfrentam desafios crescentes. Estudos mostram que até 60,7% relatam níveis de estresse e ansiedade em contextos de trabalho remoto ou sob forte pressão por resultados.
O isolamento social, a sobrecarga cognitiva e a exposição contínua a telas formam um terreno fértil para o esgotamento. Mesmo em um setor associado à inovação e ao progresso, a saúde mental ainda é um tema pouco debatido. É fundamental que empresas e instituições de ensino reconheçam esse cenário e criem espaços seguros de diálogo e acolhimento.
A saúde mental raramente dá avisos diretos — ela se manifesta em detalhes sutis:
Dificuldade de concentração em tarefas simples;
Irritabilidade e impaciência constantes;
Alterações no sono ou no apetite;
Falta de prazer em atividades antes agradáveis;
Sensação persistente de esgotamento, mesmo após o descanso.
Esses sintomas, muitas vezes normalizados como “parte da rotina”, podem indicar a necessidade de ajuda. Reconhecer esses sinais e buscar apoio — seja profissional, institucional ou entre colegas — é o primeiro passo para a mudança.
Cuidar da saúde mental não é uma responsabilidade individual isolada. É também um compromisso coletivo, que envolve organizações, políticas públicas e redes de apoio. Ambientes de trabalho mais saudáveis, com espaços de escuta e equilíbrio entre vida pessoal e profissional, são fundamentais para evitar o adoecimento silencioso que atinge tantos trabalhadores.
Iniciativas como programas de apoio psicológico, pausas programadas, treinamentos em resiliência e práticas de mindfulness têm mostrado resultados positivos em instituições que as adotam. Além disso, novas tecnologias — como telepsicologia e ferramentas digitais de monitoramento emocional — têm ampliado o acesso e a personalização do cuidado em saúde mental.
Neste Dia Mundial da Saúde Mental, o convite é para olhar além dos números e das telas — e lembrar que nenhum avanço tecnológico faz sentido sem o equilíbrio humano por trás dele.
Seja você profissional da saúde, pesquisador, estudante ou desenvolvedor, reserve um momento para si. Desconecte-se por alguns minutos. Respire. Caminhe. Converse. O cuidado com a mente é o alicerce de toda transformação significativa — dentro e fora do trabalho.
Autoria do texto original: Andréa Pereira Simões Pelogi
Data de Publicação: 10/10/2025
Aviso: As informações apresentadas neste artigo têm caráter informativo e não substituem orientação profissional especializada. O Departamento de Informática em Saúde não se responsabiliza por eventuais erros ou interpretações incorretas do conteúdo divulgado.
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